sábado, 27 de março de 2010

“Que que vem, né, gente!”

Minha primeira intenção com esse “post” era alfinetar esse aproveitamento da memória do Renato. De dez em dez anos, lançam material “novo” da Legião! É muito engraçado... meio triste até, um pouco revoltante. Mas... é isso, Legião é uma banda e bandas vivem de mídia. Então, basta aos verdadeiros fãs revoltarem-se ou aproveitarem-se dos materiais “novos”.
Pode parecer fanatismo e, confesso, talvez fosse no começo. Mas hoje, mais crescidinha, sei e afirmo: a Legião é mais do que uma banda para mim, o Renato é mais do que um cantor, mais do que um poeta... Posso dizer que suas letras já salvaram a minha vida em muitos sentidos. Durante muitos anos, suas letras eram tudo o que eu tinha. Claro que não era tão dramático assim, mas para mim era e foi a lembrança que ficou.
As palavras até me falham quando o assunto é Renato. Chamá-lo de Renato apenas, parece uma intimidade besta, né!? Mas só quem compartilha desse amor pode entender. É tão profundo, tão intenso, que quando falam dele parece que estão falando de mim. Não é pretensão, não, mas ele está tão cravado em mim que... Difícil explicar...
Fica a memória, então, que é tudo que nos resta. Tristeza? Sempre... Mas não toda hora. Geralmente é só nostalgia mesmo, saudade do que nunca tive, do que nunca vivi, mas que sinto sempre, a cada momento da vida. Seja ele um momento “Que País é Esse”, “V”, ou até mesmo “Tempestade”. Ele foi, sempre será meu salvador, aquele que não me deixa esquecer de quem eu sou. Estou com suas letras sempre, mas me lembro dele “em dias assim... em dias de chuva, em dias de Sol... Do resto, não sei dizer.”

quinta-feira, 18 de março de 2010

Subida

Frio claro e distante. Vento forte e gentil. O ar tem aromas doces e gelados. O sol é constante e calmo. Além dos pássaros e das árvores, só há silêncio. E as pedrinhas que meu coturno revolve pelo caminho, barulho gostoso de pó arranhado.
Os passos seguem um ritmo harmonioso que estranhamente não acompanham meu cansaço. Que eu não sinto, mas que está lá.
O vento bagunça meus cabelos e de repente percebo que não sou apenas pés, coturno e pedrinhas. Olho em volta. A montanha está a minha frente. Baixa, alegre, calma, intransponível até que se chegue lá. E está perto agora.
Olho para cima. Não há uma nuvem sequer. O azul do céu carrega o peso aterrador da paz, da plenitude.
Continuo. Já sem saber por quê.

Conforme meus braços e pés sobem, o céu se aproxima e meu estômago se contrai. Por que será?
O sol que iluminava meus ombros torna-se cada vez mais ameno, e percebo que a tarde vem. Logo escurecerá, mas meus pés e minhas costas não cogitam parar.
Sou mãos, pés e costas agora. Cabelo às vezes quando o vento vem de trás. Só percebo o que dói ou incomoda.
Uma gota de suor escorre. Lembro-me então de olhar para cima. O pico está próximo. E o que era até agora letargia torna-se uma fina e delicada expectativa.
Última mão. Último pé. E finalmente; os olhos, o nariz, a pele, o coração. Sinto cada batida contraindo o resto do corpo. Que sou eu agora. Todo ele.

A vista se alarga até o infinito. O que não pode ser visto é sugerido. Crio pulmões e lágrimas.
Da beirada, vê-se a vida. E transformo-me toda em vontade de pular. Correr e pular. Não sou cair ou voar, sou só me jogar.
E tudo que me resta é estar ali.

Chegando...

Há muito reluto com essa coisa de fazer um blog. Digo "essa coisa", porque tenho certa antipatia pela tecnologia. Sei lá, acho que criei um invólucro meio neofóbico e resolvi mantê-lo. Sim, tenho Orkut, Msn, tudo isso; mas nunca me interessei por nada de verdade. Até agora...
O Twitter! Ah, sim, ele me dobrou. Fantástica a oportunidade de dividirmos vislumbres do nosso dia com os outros. Fantástico também ver os vislumbres dos outros. Impressionante como alguns conseguem coisas lindas, tocantes, fortes... com 140 caracteres!
Depois dessa catarse (que exagero!) provocada pelo Twitter, comecei a amaciar a idéia do blog. "Escrevo" desde os 12 anos, fiz Letras e estou fazendo um curso de Formação de Escritores. Sim, quero ser uma escritora! Para poder me exercer, para tomar meu lugar no mundo.
Então, a partir de agora, eu, humildemente, me divido com vocês.