sexta-feira, 9 de julho de 2010

O egoísmo

Ontem, me deparei com meu egoísmo. Era uma lâmina fina, fria, encostada a minha boca. Rasgava-me entre os dentes e o sangue jorrava quente e impetuoso. Manchava os que estavam a minha volta, envenenando-os contra mim.
O tempo estava bom, ontem. O azul era pleno e estável, o frio imperava imbuído de verdade. E a verdade rasgou-me em egoísmo e arrogância. Assumi-os, não havia escolha. Mas minha pena não foi aliviada pela confissão.
A luz brilhava forte diante de mim, ontem. Expunha impiedosamente a escuridão. Não houve esconderijo, nem honra, nem justificativa. Fiquei nua, com um cigarro, a chorar na esquina. Tremendo ao medo da redenção.
Tive amigos, ontem. E eles não me odiavam, mas... por quanto tempo? Não sabia... e talvez nunca soubesse.
Imunda, nua, fumando, apertei a lâmina. Meus ossos vacilaram pela violência. Fechei a boca. E agora, espero apenas que o sangue não vaze mais em quem eu amo.

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